segunda-feira, 11 de maio de 2009

BRASIL: MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM-TERRA (MST)

Foi em 1984, durante o 1º Encontro dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, em Cascavel (PR), que o MST foi fundado oficialmente. No ano seguinte e já organizado nacionalmente, acontece o 1º Congresso Nacional dos Sem Terra.
Contando desta forma parece que foi tudo muito fácil. Mas o MST não surgiu do nada ou da cabeça de apenas uma pessoa. Esta história começou no final da década de 70, em plena ditadura militar. O país vivia o chamado “milagre brasileiro”, que para os pobres do campo e da cidade estava mais para “praga brasileira”: desemprego e migração dos camponeses para as cidades. A intensa mecanização da agricultura introduzida pelos governos militares expulsou assalariados, arrendatários e parceiros do campo.
Mas havia camponeses que acreditavam que podiam se organizar e resistir trabalhando na terra. Assim, em 7 de outubro de 1979, agricultores sem terra do Rio Grande do Sul ocupam a gleba Macali, em Ronda Alta.
Ao mesmo tempo, lutas semelhantes foram acontecendo nos demais estados do Sul, Mato Grosso e em São Paulo. Em cada Estado surgiam ocupações de trabalhadores rurais e a notícia se espalhou. A sociedade brasileira aderiu e as ocupações dos sem terra foi uma das manifestações pela volta da democracia em todo o país.
O MST, no entanto não é o primeiro movimento a lutar pela terra no Brasil e na América Latina. Muito antes, as famílias agricultoras já se organizavam em busca de terra e melhores condições de trabalho e vida. Podemos citar como exemplo, as Ligas Camponesas e o Master (Movimento dos Agricultores Sem terra) entre 1950 e 1964; Canudos e Contestado no final do século 19. A revolução mexicana, no início do século 20 e a cubana, em 1959, também foram sinônimo de “terra para quem nela trabalha”. Estas e outras lutas inspiraram o MST a seguir lutando por um Brasil sem Latifúndio.
Aos poucos o MST foi entendendo que conquistar a terra é importante, mas não basta. É preciso conquistar também crédito, moradia, assistência técnica, escolas, atendimento à saúde e outras necessidades da família sem terra que também precisam ser supridas. E mais: descobriu-se que a luta não é apenas contra o latifúndio; é contra o modelo econômico neoliberal.
Assim, foram organizados acampamentos, ocupações de fazendas, sedes de organismos públicos e de multinacionais, destruição de plantações transgênicas, marchas, greves de fome e outras ações políticas.
Hoje o MST atua em 23 estados, envolvendo mais de 1,5 milhão de pessoas, cerca de 350 mil famílias foram assentadas através desta luta e outras 80 mil vivem em acampamentos.
Em números, podemos confirmar que a Reforma Agrária dá certo. Existem hoje cerca de 400 associações de produção, comercialização e serviços; 49 Cooperativas de Produção Agropecuária (CPA), com 2299 famílias associadas; 32 Cooperativas de Prestação de Serviços com 11.174 sócios diretos; duas Cooperativas Regionais de Comercialização e três Cooperativas de Crédito com 6521 associados.
São 96 pequenas e médias agroindústrias que processam frutas, hortaliças, leite e derivados, grãos, café, carnes e doces. Tais empreendimentos econômicos do MST geram emprego, renda e impostos beneficiando indiretamente cerca de 700 pequenos municípios do interior do Brasil.
Aliada à produção está a educação: cerca de 160 mil crianças estudam da 1ª a 4ª série nas 1800 escolas públicas dos assentamentos. São cerca de 3900 educadoras/es pagos pelos municípios e desenvolvendo uma pedagogia específica para as escolas do campo. Em conjunto com a Unesco e mais de 50 Universidades, o MST desenvolve programa de alfabetização de aproximadamente 19 mil jovens e adultos nos assentamentos.
O MST, ousando desafiar a estrutura secular do latifúndio no país, mostra-nos que a população trabalhadora não é apenas capaz de organizar-se mas, especialmente, que é eficiente na luta para ocupar a terra e para fazê-la produzir.

Um comentário:

  1. Muito obrigado, isso mim ajudou muito em meus trabalhos, tudo aqui é simples e resumido de fácil entendimento.

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