quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Os dez mandamentos da redação.

Oferecemos algumas dicas para que o vestibulando faça um bom texto na prova de redação. Pode-se dizer ser os "os dez mandamentos da redação".


1) Pense no que você quer dizer e diga da forma mais simples. Procure ser direto na construção das sentenças. Escreva com simplicidade.

2) Corte palavras sempre que possível. Use a voz ativa, evite a passiva. Evite termos estrangeiros e jargões.

3) Seja cauteloso ao utilizar as conjunções "como", "entretanto", "no entanto" e "porém". Quase sempre são dispensáveis. Evite o uso excessivo de advérbios. Tome cuidado com a gramática.

4) Tente fazer com que os diálogos escritos (em caso de narração) pareçam uma conversa. Uso do gerúndio empobrece o texto. Exemplo: Entendendo dessa maneira, o problema vai-se pondo numa perspectiva melhor, ficando mais claro...

5) Evite o uso excessivo do "que". Essa armadilha produz períodos longos. Prefira frases curtas. Exemplo: O fato de que o homem que seja inteligente tenha que entender os erros dos outros e perdoá-los não parece que seja certo. Adjetivos que não informam são dispensáveis. Por exemplo: luxuosa mansão. Toda mansão é luxuosa. Tenha coerência textual.

6) Evite clichês (lugares comuns) e frases feitas. Exemplos: “subir os degraus da glória”, "fazer das tripas coração", "encerrar com chave de ouro", “silêncio mortal", "calorosos aplausos", "mais alta estima".

7) Verbo "fazer", no sentido de tempo, não é usado no plural. É errado escrever: "Fazem alguns anos que não leio um livro". O certo é “Faz alguns anos que não leio um livro”.

8) Cuidado com redundâncias. É errado escrever, por exemplo: "Há cinco anos atrás". Corte o "há" ou dispense o "atrás". O certo é “Há cinco anos...”

9) Só com a leitura intensiva se aprende a usar vírgulas corretamente. Leia os bons autores e faça como eles: trate a vírgula com bons modos. As regras sobre o assunto são insuficientes. Leia muito, leia sempre, leia o que lhe pareça agradável.

10) Nas citações, use aspas , coloque a vírgula e um verbo seguido do nome de quem disse ou escreveu aquilo. Exemplo: “O que é escrito sem esforço é geralmente lido sem prazer.”, disse Samuel Johnson.

fonte:www.vestibular1.com

Temas para Redação.


Redação UEL
1. Leia o tema dado a seguir e analise as idéias nele contidas.
TEMA
“A preguiça é a mãe do progresso; se o homem não tivesse preguiça de caminhar, não teria inventado a roda.”
2. A frase acima é do escritor Mário Quintana. Trata-se apenas de um pensamento bem-humorado ou de uma antiga verdade, que a tecnologia moderna vem confirmando?
4. Faça uma dissertação, na qual você argumentará para esclarecer sua posição diante dessa frase.
5. A dissertação deve ter a extensão mínima de 20 linhas e máxima de 30, considerando-se letra de tamanho regular.
Redação UEL – julho
Redação
1. Leia o tema dado a seguir e analise as idéias nele contidas.
TEMA
O espaço que o homem habita diz muito de seu modo de ser.
2. Considerando essa afirmação, leia atentamente o texto publicitário abaixo.
Apartamento pronto para morar
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Central de vendas: Rua Guapuruvu, 503 - Fone: 1052-5616
3. Faça uma dissertação em que você, ten-do refletido sobre a relação entre os dois textos, exponha o que pensa a respeito do tema.
4. A dissertação deve ter a extensão mí-nima de 20 linhas e máxima de 30, considerando-se letra de tamanho regular.
Redação UEL - janeiro
TEMA
Muitos homens, neste final de século, duvidam de que a humanidade possa caminhar para melhor sem a recuperação daquilo que a competição vem insistentemente abafando: a idéia de coletividade.
Redação UEL - julho
TEMA
Num noticiário de TV, tão veloz e tão variado, todas as notícias parecem ter o mesmo peso.
Redação UEL - janeiro
TEMA
Não basta saber interpretar o que se lê num texto, é preciso interpretar o mundo em que se vive.
Redação UEL - julho
TEMA
Os homens de fato se comunicam por meio dos computadores ou apenas trocam informações?
Redação UEL - janeiro
TEMA
A Escola é o caminho necessário para o exercício pleno da cidadania.
Redação UEL - julho
TEMA
Pagam o preço do progresso aqueles que menos desfrutam dele.
Redação UEL - janeiro
TEMA
Fatos históricos: quem os conta? quem os sofre?
Redação UEL - janeiro
TEMA
O grande vencedor é aquele que não se deixa abater pela derrota.



Outros temas:

TEMA
Bonnie nasceu nesses dias em que a morte rondou-nos com sua brutal e irredutível presença. Em sua ovina, alva e simbólica inocência, ela surgiu na TV e nos jornais, ao lado da mãe, Dolly. Nenhuma das duas suspeita de onde veio e para onde irá. Não se indagam, não formulam, não têm angústias: são apenas ovelhas, viverão e morrerão.
Para os humanos, contudo, Dolly e Bonnie são mais do que dois límpidos e pacíficos animais. São um novo episódio do ancestral duelo que a humanidade trava contra a natureza. Um ensaio divino da razão, uma esperança, possivelmente vã, de que um dia o destino humano complete-se e triunfe sobre a mãe criadora.
Até lá, porém, continuará a conviver com a morte, esse defeito irrevogável da criação,,.
(Gonçalves M.A., Domingueira, Folha de São Paulo, 26/4/98, pg. 1-9).
Ita
Instruções para Redação
Redija uma dissertação ( em prosa, de aproximadamente 25 linhas) sobre "A relação do brasileiro com o trabalho". Os excertos abaixo poderão servir de subsídio para a elaboração de sua redação. Não os copie. ( Dê um título ao seu texto. A redação final deve ser feita com letra legível, à tinta.)
1. Aos 9 anos comecei a tentar trabalhar. Ajudava um vizinho que fazia doce de banana e de mamão para vender na feira. Na hora de lavar aqueles tachos enormes de cobre, os filhos e os netos dele achavam feio fazer trabalho de mulher _ arear a panela, com areia mesmo, porque Bombril vim conhecer só aqui no Rio. Eu ganhava aquele dinheirinho para a merenda. Também quebrei pedra _ é, pedra mesmo. Lá no sertão não tinha máquina para fazer concreto, era tudo na mão. Os homens gritavam fogo na hora de estourar a pedreira e todo o mundo da vila se escondia debaixo das camas. Quando acabava o estouro, a gente corria com cesto ou lata para pegar os pedaços de pedra, trazia para o quintal, quebrava tudo com a mão e esperava o medidor que vinha pesar as latas. ( Veja, Especial Mulher, _ set/ 1994)
2. Nos ofícios urbanos reinavam o mesmo amor ao ganho fácil e a infixidez que tanto caracterizam, no Brasil, os trabalhos rurais. Espelhava bem essas condições o fato, notado por alguém, em fins da era colonial, de que nas tendas de comerciantes se distribuíam as coisas mais disparatadas deste mundo, e era tão fácil comprarem-se ferraduras a um boticário como vomitórios a um ferreiro. Poucos indivíduos sabiam dedicar-se a vida inteira a um só mister sem se deixarem atrair por outro negócio aparentemente lucrativo. E ainda mais raros seriam os casos em que um mesmo ofício perdurava na mesma família por mais de uma geração, como acontecia normalmente em terras onde a estratificação social alcançara maior grau de estabilidade. ( Holanda, Sérgio Buarque de, Raízes do Brasil, Rio de Janeiro: José Olympio, 1978)
3. Muito diferente da concepção anglo-saxã que equaciona trabalho ( work) com agir e fazer, de acordo com sua concepção original. Entre nós, porém, perdura a tradição católica romana e não a tradição reformadora de Calvino, que transformou o trabalho como castigo numa ação destinada à salvação. Para nós, brasileiros, que não nos formamos nessa tradição calvinista, achamos que o trabalho é um horror. ( Da Matta, Roberto. O que faz o Brasil, Brasil? Rio de janeiro, Rocco, 1984)
4. Os executivos estão desfrutando cada vez menos o período de férias. É o que aponta uma pesquisa feita pelo grupo Catho, especializado em Recursos Humanos, com 1.356 profissionais em todo o país. Os resultados revelam que o descanso tradicional de 30 dias já virou utopia para muitos: 57,5% dos entrevistados tiraram férias de apenas duas semanas ou menos nos últimos 12 meses. Outros 21% não tiraram um dia sequer. Gerentes, supervisores e profissionais especializados _ como advogados, contadores e engenheiros _ são os que menos dão pausa no trabalho durante o ano. ( Folha de São Paulo, 17/5/98)
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• TEMA DE REDAÇÃO
TEXTO I: "A ciência não deve ser limitada por conceitos éticos. O cientista tem de gozar de plena liberdade para levar a cabo suas pesquisas e experimentos, não cabendo à sociedade julgar moralmente o seu trabalho. A ciência é eticamente neutra, cabendo à comunidade usar de maneira justa o resultado da reflexão científica. O teórico dividiu o átomo; os estados criaram as armas nucleares".
TEXTO II: "Compete à sociedade vigiar o cientista. Está é a única forma de coibir pesquisas que possam transgredir as normas éticas que preservam a coesão social das comunidades. Progresso não significa o avanço científico em detrimento da Ética; o verdadeiro avanço da civilização consiste em respeitar as coordenadas da moralidade".
ENTENDA O TEMA
O primeiro texto defende que a pesquisa científica não deve ser policiada pela ética; o segundo, pelo contrário, coloca a Moral acima do progresso científico.
Redija sobre: "A moral e a ciência são contraditórias?".
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TEMAS DE REDAÇÃO:
Texto 1: "O homem contemporâneo vem perdendo a linearidade da linguagem escrita em função da onipresente ditadura das artes e técnicas visuais. A televisão impera em todos os lares, onde pouco se lê e quase não mais se dialoga. A 'telinha' é a dona das atenções gerais e os atores e apresentadores são os novos olimpianos".
Texto 2: "As novelas da televisão são, hoje, o que foram os 'folhetins' do século XIX: o divertimento das classes semi-letradas e semi-cultas das diversas sociedades que formam a comunidade mundial"
Texto 3: "A televisão é a máquina de fazer loucos" (Stanislau Ponte Preta, notável humorista brasileiro)
Leia os textos acima e deles extraia um tema e, em seguida, redija.


Fonte: www.vestibular1.com.br

Participação política e cidadania.



Renato Cancian*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Manifestação pelas eleições diretas, em 1984, na Candelária, Rio de Janeiro


Conforme o contexto histórico, social e político, a expressão "participação política" se presta a inúmeras interpretações. Se considerarmos apenas as sociedades ocidentais que consolidaram regimes democráticos, por si só, o conceito pode ser extremamente abrangente.

A participação política designa uma grande variedade de atividades, como votar, se candidatar a algum cargo eletivo, apoiar um candidato ou agremiação política, contribuir financeiramente para um partido político, participar de reuniões, manifestações ou comícios públicos, proceder à discussão de assuntos políticos etc.


Níveis de participação política
O conceito de participação política tem seu significado fortemente vinculado à conquista dos direitos de cidadania. Em particular, à extensão dos direitos políticos aos cidadãos adultos. Sob essa perspectiva, podemos delimitar três níveis de participação política.

O primeiro nível de participação pode ser denominado de presença. Trata-se da forma menos intensa de participação, pois engloba comportamentos tipicamente passivos, como, por exemplo, a participação em reuniões, ou meramente receptivos, como a exposição a mensagens e propagandas políticas.

O segundo nível de participação pode ser designado de ativação. Está relacionada com atividades voluntárias que os indivíduos desenvolvem dentro ou fora de uma organização política, podendo abranger participação em campanhas eleitorais, propaganda e militância partidária, além de participação em manifestações públicas.

O terceiro nível de participação política será representado pelo termo decisão. Trata-se da situação em que o indivíduo contribui direta ou indiretamente para uma decisão política, elegendo um representante político (delegação de poderes) ou se candidatando a um cargo governamental (legislativo ou executivo).


Ideal democrático
Tomando por base sociedades contemporâneas que consolidaram regimes democráticos representativos (países da Europa Ocidental, América do Norte e Japão), o ideal democrático que emergiu nessas sociedades supõe cidadãos tendentes a uma participação política cada vez maior. Contudo, numerosas pesquisas sociológicas na área apontam que não há correlação entre os três níveis de participação política considerados acima. Ademais, a participação política envolve apenas uma parcela mínima dos cidadãos.

A forma mais comum e abrangente de participação política está relacionada à participação eleitoral. É um engano, no entanto, supor que haja, com o passar dos anos, um crescimento ou elevação dos índices desse tipo de participação.

Mesmo em países de longa tradição democrática, o ato de abstenção (isto é, quando o cidadão deixa de votar) às vezes atinge índices elevados (os Estados Unidos são um bom exemplo). Em outros casos, porém, quando a participação nos processos eleitorais chega a alcançar altos índices de participação, isso não se traduz em aumento de outras formas de participação política (o caso da Itália é um bom exemplo).


Estruturas políticas
A participação política tal como foi conceituada é estritamente dependente da existência de estruturas políticas que sirvam para fornecer oportunidades e incentivos aos cidadãos. Em sistemas democráticos, as estruturas de participação política consideradas mais importantes estão relacionadas com o sufrágio universal (direito de voto) e os processos eleitorais competitivos em que forças políticas organizadas, sobretudo partidos políticos, disputam cargos eletivos.

Também é preciso salientar a importância das associações voluntárias, provenientes de uma sociedade civil de tipo pluralista. Essas entidades atuam como agentes de socialização política, servindo, portanto, de elo de conexão e recrutamento entre os cidadãos e as forças políticas organizadas.


Regimes autoritários e participação política
A inexistência de um regime democrático e, portanto, de estruturas de participação política não significa a completa anulação das formas de participação. O caso do Brasil do período da ditadura militar é, neste sentido, bastante paradoxal.

A ditadura militar brasileira recorreu à violência repressiva, impôs severo controle sobre a sociedade civil e aboliu todas as formas de oposição política livre. A ausência de democracia fez, porém, com que surgissem novos canais de participação política. Neste aspecto, o movimento estudantil pode ser considerado o exemplo mais notável. A juventude universitária brasileira transformou o movimento estudantil no principal canal de participação política.

Dessa forma, grupos, partidos e organizações políticas clandestinas (na sua maioria adeptos das ideologias de esquerda) atuaram no âmbito do movimento estudantil universitário de modo a exercer um importante papel na resistência à ditadura militar e defesa das liberdades democráticas.

*Renato Cancian é cientista social, mestre em sociologia-política e doutorando em ciências sociais. É autor do livro "Comissão Justiça e Paz de São Paulo: Gênese e Atuação Política - 1972-1985".
ATIVIDADE:
01- Faça um pequeno texto(min. 20 linhas)explicando o que você entende por Política e qual sua Importância para sua vida em Sociedade.

Perguntas frequentes - Novo Enem


1 - O Enem foi adiado para que data?
5 e 6 de dezembro.

2 - Poderá haver troca de cidade para fazer a prova?
Sim. Até o a meia-noite do dia 14 de outubro, os alunos que desejarem mudar o local devem entrar no sítio do Inep e solicitar a troca. Estes alunos devem aguardar a confirmação por meio do novo cartão de inscrição e também por mensagem de celular ou e-mail, para aqueles que cadastraram essa opção no ato da inscrição.

3 – Haverá mudança nos locais de provas?
Sim. Principalmente nas grandes cidades os locais devem ser alterados, com o objetivo de procurar ao máximo deixar o aluno próximo da sua casa. Todos os alunos inscritos receberão cartão de confirmação, com data e local da prova, além de mensagem de celular ou e-mail para os que cadastraram essa opção no ato da inscrição.

4 - O Enem vai valer para a seleção do ProUni?
Sim, a nota do Enem continua sendo a base para a classificação do ProUni. O período de inscrição será adaptado, para que não haja atraso no início do semestre letivo.

5– O dinheiro da inscrição pode ser devolvido?
Sim. Os alunos que não puderem fazer a prova na nova data podem pedir o valor da inscrição de volta para o Inep, por carta. A devolução do valor será feita após a realização da prova.

6 – A nota do Enem vai valer para as universidades federais?
Sim. As universidades possuem autonomia e poderão optar entre quatro possibilidades de utilização do novo exame como processo seletivo: 1) como fase única, com o sistema de seleção unificada, informatizado e on-line;
2) como primeira fase; 3) combinado com o vestibular da instituição; 4) como fase única para as vagas remanescentes do vestibular.

7 – A nota do Enem vai valer para as universidades particulares?
Sim. Cada universidade define a forma de utilização da nota. Algumas optaram por usar como um bônus, outras como nota para a 1ª fase, etc.

8 – Os Institutos Federais vão usar o Enem para selecionar seus alunos?
Sim. Cada instituto define a forma de utilizar a nota da prova. Alguns optaram por usar a nota do Enem para preencher 100% das vagas de graduação; outros por um percentual menor, de 50% ou 20% das vagas para a graduação; também tem aqueles que irão utilizar a nota do Enem como fase única para ingresso nos cursos de graduação; e ainda tem aqueles institutos que utilizarão como nota opcional para o aluno ingressar nos cursos de graduação, que também poderão optar pelo processo seletivo tradicional da instituição.

9 - Quem já terminou o ensino médio há muito tempo pode fazer o Enem e participar do vestibular unificado?
Sim, o Enem continua sendo uma prova voluntária, aberta a todos os concluintes ou egresso do ensino médio.

10 - Após o resultado do Enem, o vestibulando pode mudar a opção de curso?
Em qualquer uma das quatro possibilidades de se usar o Novo Enem como ferramenta de seleção para as universidades, o candidato só escolherá o curso depois do resultado do Enem.

11 – Como e onde será aplicada a prova?
O Enem 2009 será aplicado em 1.826 municípios brasileiros, nos dias 05 e 06 de dezembro, da seguinte maneira:
no dia 05/12/2009 (sábado): das 13h às 17h30 – Prova I: Ciências da Natureza e suas Tecnologias; e Ciências Humanas e suas Tecnologias.
no dia 06/12/2009 (domingo): das 13h às 18h30 – Prova II: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação; e Matemática e suas Tecnologias.
Os portões de acesso aos locais de prova serão abertos às 12h e fechados às 12h55, horário de Brasília-DF. As provas serão aplicadas às 13h, em todo o território nacional.

12 - Como será a prova?
O novo exame será composto por testes em quatro áreas de conhecimento: linguagens, códigos e suas tecnologias (incluindo redação); ciências humanas e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias e matemáticas e suas tecnologias. Cada grupo de testes será composto por 45 itens de múltipla escolha, aplicados em dois dias.
A redação deverá ser feita em língua portuguesa e estruturada na forma de texto em prosa do tipo dissertativo-argumentativo, a partir de um tema de ordem social, científica, cultural ou política.
Veja aqui o conjunto de habilidades exigidas em cada área de conhecimento e os conteúdos específicos do currículo associados a elas.

13 - As disciplinas abordadas pela prova do Enem terão pesos diferentes?
A prova do Enem trará cinco notas diferentes, uma para cada área do conhecimento avaliada e uma para a redação. Não haverá diferenciação dos pesos. O que pode ocorrer é que, nos processos seletivos, as instituições utilizem pesos diferenciados entre as áreas para classificar os candidatos, de acordo com os cursos pleiteados.

14 - Haverá questões regionais na prova do Enem?
Não. Nenhum exame do Inep/MEC contempla questões regionais. Todas as avaliações, como a Prova Brasil / Saeb, Enem etc., têm caráter nacional e devem garantir iguais condições de participação entre estudantes de qualquer lugar do País. Conteúdos regionais poderiam prejudicar estudantes entre as regiões diversas.

15 - Uma pessoa que não for bem no Enem 2009 terá a chance de fazer outra prova e melhorar a sua nota?
Sim, o aluno pode fazer o Enem quantas vezes quiser, mesmo que tenha concluído o ensino médio já há alguns anos.

16 - A nova prova do Enem vai trazer questões sobre língua estrangeira?
O Comitê de Governança definiu que o Enem 2009 não trará questões de língua estrangeira. A partir da próxima edição da prova o conhecimento de língua estrangeira será cobrado no exame.

17 - O Inep/MEC continuará a divulgar os resultados do Enem por escola?
Sim. Não está prevista nenhuma alteração na divulgação dos resultados dos alunos no Enem por escola.

18 - Para fazer o Enem o interessado já deve ter decidido o curso ou instituição onde pretende prestar o vestibular?
Não. Na inscrição para o processo seletivo é que o aluno decide a qual curso quer concorrer.

19 - Qual a principal diferença entre o Enem tradicional e o novo Enem?
Até 2008, o Enem era uma prova clássica com 63 questões interdisciplinares, sem articulação direta com os conteúdos ministrados no ensino médio, e sem a possibilidade de comparação das notas de um ano para outro. Agora, a intenção é reformular o Enem para que o exame possa ser comparável no tempo e aborde diretamente o currículo do ensino médio. O objetivo é aplicar quatro grupos de provas diferentes em cada processo seletivo, além de redação. O novo exame será composto por perguntas objetivas em quatro áreas do conhecimento: linguagens, códigos e suas tecnologias (incluindo redação); ciências humanas e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias e matemáticas e suas tecnologias. Cada grupo de testes será composto por 45 itens de múltipla escolha, aplicados em dois dias.

20 - Por que mudar o Enem?
A proposta tem como principais objetivos democratizar as oportunidades de acesso às vagas federais de ensino superior, possibilitar a mobilidade acadêmica e induzir a reestruturação dos currículos do ensino médio. A grande vantagem que o MEC está buscando com o novo Enem é a reformulação do currículo do ensino médio. O vestibular nos moldes de hoje produz efeitos insalubres sobre o currículo do ensino médio, que está cada vez mais voltado para o acúmulo excessivo de conteúdos. A proposta é sinalizar para o ensino médio outro tipo de formação, mais voltada para a solução de problemas. Outra vantagem de um exame unificado é promover a mobilidade dos alunos pelo País. Centralizar os exames seletivos é mais uma forma de democratizar o acesso a todas as universidades. O Ministério da Educação apresentou uma proposta de reformulação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e sua utilização como forma de seleção unificada nos processos seletivos das universidades públicas federais.

21 - Por que fazer o Enem em 2009?
A média de desempenho obtida no Enem será imprescindível para pleitear uma vaga nas instituições de ensino superior que adotarem o exame como ferramenta de seleção, de maneira integral ou parcial. Além disso, o Enem continua a servir como referência para uma autoavaliação sobre o ensino médio e qualidade do ensino, e sua nota continuará a ser critério de seleção de bolsas de estudo no Programa Universidade para Todos (ProUni). O Enem 2009 vai ainda promover a certificação de jovens e adultos no ensino médio e, a partir do ano que vem, vai medir o desempenho acadêmico dos estudantes ingressantes nas instituições de ensino superior.
fonte: MEC

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Analfabeto Politico. (Bertold Brecht)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Max Weber - Principais conceitos

WEBER

Max Weber nasceu em Erfurt, em 21 de abril de 1864, e faleceu em junho de 1920. Weber vive numa época em que as idéias de Freud impactavam as ciências sociais e em que os valores do individualismo moderno começavam a se consolidar. A grande inovação que Weber trouxe para a sociologia foi o individualismo metodológico. Para ele, o indivíduo escolhe ser o que é, embora as escolhas sejam limitadas pelo grau de conhecimento do indivíduo e pelas oportunidades oferecidas pela sociedade. O indivíduo é levado a escolher em todo instante, o que faz da vida uma constante possibilidade de mudança. O indivíduo escolhe em meio aos embates da vida social. Essa idéia faz com que o sentido da vida, da história, seja dado pelo próprio indivíduo. Os processos não têm sentido neles mesmos, mas são os indivíduos que dão sentido aos processos.



AÇÃO SOCIAL
A sociedade em Weber é vista como um conjunto de esferas autônomas que dão sentido às ações individuais. Mas só o indivíduo é capaz de realizar ações sociais. A ação social é uma ação cujo sentido é orientado para o outro. Um conjunto de ações não é necessariamente ação social. Para que haja uma ação social, o sentido da ação deve ser orientada para o outro. Seja esta ação para o ‘bem’ ou o ‘mal’ do outro. A ação social não implica uma reciprocidade de sentidos: o outro pode até não saber da intenção do agente.
Para Weber há quatro tipos de ação social: ação social tradicional, ação social afetiva, ação social racional quanto aos valores, ação social racional quanto aos fins.
Ação social tradicional é aquela que o indivíduo toma de maneira automática, sem pensar para realizá-la.
Ação social afetiva implica uma maior participação do agente, mas são respostas mais emocionais que racionais. Ex.: relações familiares. Segundo Weber, estas duas primeiras ações sociais não interessam à sociologia.
Ação racional com relação a valores é aquela em que o sociólogo consegue construir uma racionalidade a partir dos valores presentes na sociedade. Esta ação social requer uma ética da convicção, um senso de missão que o indivíduo precisa cumprir em função dos valores que ele preza.
Ação racional com relação aos fins é aquela em que o indivíduo escolhe levando em consideração os fins que ele pretende atingir e os meios disponíveis para isso. A pessoa avalia se a ação que ela quer realizar vale a pena, tendo em vista as dificuldades que ele precisará enfrentar em decorrência de sua ação. Requer uma ética de responsabilidade do indivíduo por seus atos.

RELAÇÃO SOCIAL
Até agora falamos de ação social em Weber, que em diferente de relação social. Enquanto o conhecimento do outro das intenções do agente não importa para a caracterização da ação social, a relação social é o sentido compartilhado da ação. Relação social não é o encontro de pessoas, mas a consciência de ambas do sentido da ação. A relação social é sempre probabilística, porque ela se fundamenta na probabilidade de ocorrer determinado evento, o que inclui oportunidade e risco. A vida social é totalmente instável: a única coisa estável da vida social é a possibilidade (e necessidade) de escolha. Não há determinismos sobre o que será a sociedade. Por isso, as análises sociológicas são baseadas em probabilidades e não em verdades.

TIPOS DE DOMINAÇÃO
Como já dissemos a vida social para Weber é uma luta constante. Por conta disso, ele não vê possibilidade de relação social sem dominação. Todas as esferas da ação humana estão marcadas por algum tipo de dominação. Não existe e nem vai existir sociedade sem dominação, porque a dominação é condição de ser da sociedade. A dominação faz com que o indivíduo obedeça a uma ordem acreditando que está realizando sua própria vontade. O indivíduo conforma-se a um padrão por sua própria escolha e acha que está tomando uma decisão própria.
Existem pelo menos três tipos de dominação legítima: legitimação tradicional, legitimação carismática e legitimação racional. Para Weber a burocracia é a mais bem acabada forma de dominação legítima e racional. A burocracia baseia-se na crença na legalidade ou racionalidade de uma ordem. A burocracia mais eficaz de exercer a dominação. E é uma conseqüência do processo de racionalização da vida social moderna, sendo responsável pelo gerenciamento concentrado dos meios de administração da sociedade. A burocracia é uma forma de organizar o trabalho, é um padrão de regras para organizar o trabalho em sociedades complexas. A modernização para ele é o processo de passagem de uma perspectiva mais tradicional do mundo (em que as coisas são dadas) para uma perspectiva mais organizada (onde as coisas são elaboradas, construídas). Mas para Weber, só o herói individual (o líder carismático) pode alterar o rumo da história. Mesmo que imediatamente, uma vez que para Weber toda legitimação carismática tende a tornar-se legitimação tradicional.

ESFERAS SOCIAIS
A dominação pode ser exercida em diferentes esferas da vida social. As “esferas” são mais analítico-teóricas que reais, e são criadas pela divisão social do trabalho. Uma esfera não determina uma outra esfera, mas elas trocam influências entre si. As esferas são autônomas, mas não independentes. A esfera é o lugar de luta por um tipo de sentido para as relações sociais. Classes, estamentos e partidos são fenômenos da disputa de poder nas esferas econômica, social e política, respectivamente.

CLASSE E ESTAMENTO
Vamos falar um pouco mais de classe e estamento em Weber, até para diferenciá-lo de Marx. Classe para Weber é o conjunto de pessoas que tem a mesma posição diante do mercado. Há dois tipos básicos de classe, as que têm algum tipo de bem e as que não tem algum tipo de bem. Mas as classes também se diferenciam pela qualidade dos bens possuídos. As classes, como já dissemos estão ligadas à esfera econômica da vida social. Para Weber, a esfera econômica não tem capacidade de produzir um sentimento de pertencimento que seja capaz de gerar uma comunidade.
Estamento está ligado à esfera social, que é capaz de gerar comunidade. Estamento é um grupo social cuja característica principal é a consciência do sentido de pertencimento ao grupo. A luta por uma identidade social é o que caracteriza um estamento. A luta na esfera social é para saber qual estamento vai dominar. As profissões podem ser analisadas como estamentos.


PRINCIPAIS CRÍTICAS SOCIOLÓGICAS A WEBER
Weber supervaloriza o indivíduo, tornando demasiada a cobrança sobre suas escolhas e conformidades. Talvez nem tudo seja escolhido individualmente.
Ele ao mesmo tempo em que vê na burocracia forma mais acabada de dominação legítima, acha que a burocracia fortalece a democracia por causa de sua impessoalidade. Talvez ele não tenha tido tempo para perceber que a burocracia tem a possibilidade de ser um instrumento de democratização, mas que freqüentemente funciona de maneira contrária, servindo apenas como instrumento de dominação.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

DICAS DE FILMES.

¨A outra historia Americana¨,¨American History X¨ no original, conta a história de Derek Vinyard (Edward Norton), que regressa a casa, logo após sair da prisão, onde cumpriu uma pena de três anos por ter assassinado dois negros. Antes de ser preso Derek era racista, achava que nos Estados Unidos da América só havia lugar para os brancos e era o carismático líder de um grupo de skinheads. Mas agora é um homem diferente, a prisão mudou-o. Ao reencontrar o irmão, Danny Vinyard (Edward Furlong), Derek percebe consternado que este seguiu os seus passos e se transformou num skinhead.
Nas aulas de Sociologia analisaremos o filme recorrendo a alguns conceitos leccionados recentemente: cultura, diversidade cultural, etnocentrismo, subcultura, contracultura, socialização, identificação e agente de socialização.
O filme relaciona-se também com outros conceitos sociológicos que serão leccionados mais tarde: migrações, desigualdade, discriminação, reprodução social, controle social, família, etc.



CLUBE DA LUTA



O narrador do filme, Jack (interpretada por Edward Norton) é um executivo yuppie que trabalha como investigador de seguros de uma grande montadora de automóveis. Desiludido da vida, ele busca driblar suas crises de insônia e extravasar sua ansiedade em sessões de terapia grupal, ao lado de pessoas com câncer, tuberculose e outras doenças. É só no meio de moribundos que Jack se sente vivo e assim consegue dormir. Sua alegria só é interrompida pela chegada de Marla Singer (interpretada por Helena Bonham Carter), uma viciada em heroína com idéia fixa de suicídio. Repentinamente entra na sua vida o carismático Tyler Durden (Brad Pitt) que irá lhe apresentar um novo modo de vida, capaz de aliviar sua tensão existencial, o clube da luta, um clube de subcultura anárquica, onde homens põe à prova seu instinto animalesco em combates corporais. Fight Club expõe, com traços non-sense, a degradação existencial do homem na civilização burguesa. O agudo estranhamento em suas múltiplas dimensões se manifesta em sentimentos de necrofilia, de dessocialização, de desencantamento e de atitudes irracionalistas dos mais amplos espectros. A profunda frustração com a vida sem sentido é o terreno propicio para as manifestações de pura agressividade e de auto-destrutividade. O clube da luta sintetiza, em si, o espírito do mundo burguês degradado, em sua etapa neoliberal, imerso na lógica do mercado e da concorrência. Na verdade, a sociedade capitalista, em sua etapa de crise estrutural, de pleno irracionalismo, de vazio utópico e de agudo desencantamento com as possibilidades de transcendência da lógica da mercadoria, produz em si, elementos de colapso da vida pública e da sociabilidade. Ela contém os germes de destrutividade da própria civilização (o que os atentados terroristas de 2001 iriam demonstrar). Deste modo, Fight Club é um filme visionário das misérias do capital no vindouro século XXI. Produzido em 1999, Fight Club expõe, de forma quase fantástica, numa narrativa de estilo pós-moderna, ou seja, fragmentária e não-linear, os desvarios existenciais do capitalismo global, às vésperas do estouro da bolha especulativa em Wall Street.(2005)




Fahrenheit 9/11 ", de Michael Moore (2004)


Documentário político sobre como o Governo Bush se aproveitou dos atentados terroristas de 11/09 nos EUA para consolidar sua estratégia de negócio (a da familia Bush) e de poder imperialista (o dos EUA). Moore nos apresenta os vínculos de longa data dos Bush com a clã Bin Laden e a Arábia Saudita, que investiu, só nas últimas décadas, cerca de US$ 860 bilhões nos EUA; o Decreto Patriota, que atingiu as liberdades civis nos EUA a título de deter a ameaça terrorista; a cultura do medo, a invasão do Iraque, as oportunidades de negócios (com destaque para a empresa Halliburton), o recrutamento de jovens desempregados, a barbárie da guerra e a dor das perdas com soldados mortos. O documentário de Moore disseca, de forma quase didática, os vínculos entre poder político imperialista e interesses de negócios das corporações industrial-militar (mediado, é claro, pelos interesses da família Bush). Na verdade, torna-se claro neste documentário de Moore que a família Bush se apropriou do Estado para defender seus interesses particularistas. Os limites de Fahrenheit 9/11 é seu viés planfetário – panfleto do Partido Democrata. Sua crítica do sistema de poder imperialista nos EUA é bastante limitada, tendo em vista que não salienta que não são apenas os Republicanos que se apropriam do Estado político para a defesa de seus interesses familiares e de classe, mas inclusive os Democratas (que apoiaram, por exemplo, a invasão do Iraque). Enfim, talvez Bush seja apenas o lado mais décrepito de um sistema apodrecido do poder mundial do capital, que dilacera não apenas os EUA mas todo o mundo com sua sanha imperialista. Na foto acima, a perene expressão de G.W. Bush às 9: 05 A.M. do dia 11 de setembro de 2001, exato momento do ataque terrorista ao World Trade Center em Nova York. O que estaria passando por aquela cabeça?(2005)


"Pulp Fiction (Tempo de Violência)", de Quentin Tarantino (1994)

Dois assassinos profissionais Vincent Veja (interpretado por John Travolta) e Jules Winnfiel (Samuel L. Jackson) - devem fazer cobrança para um gângster; Vincent é forçado a sair com a garota do chefe, Mia Wallace (Uma Thurman), temendo passar dos limites; enquanto isso, o boxeador Butch Coolidge (Bruce Willis) se mete em apuros por ganhar luta que deveria perder. Quentin Tarantino dirige esta homenagem à literatura pulp dos anos 40, contando uma história que envolve um gângster, um boxeador e dois assassinos profissionais. Nesse filme, Tarantino faz uma homenagem à literatura pulp. É importante observar que a pulp fiction surgiu em 1896 nos EUA como uma opção de leitura e diversão para uma grande massa de trabalhadores que emigrava do campo para a cidade, formando o que seria chamado de sociedade de massas (o salário médio de um operário era de 7 dólares semanais e o preço dos pulps não pesavam no bolso). A partir da década de 1920 os pulps entraram em decadência devido à concorrência do rádio e do cinema. A mitologia criada pelos pulps é tão forte que impregnou o cinema, os quadrinhos e a imaginação de milhões de pessoas no mundo todo. De Indiana Jones ao Super-homem, a cultura pop deste século deve muito aos pulp fictions. O cinema de Tarantino pode ser considerado um pulp cinema, onde diversão e literatura (ou roteiro de alta qualidade) buscam atrair o público de massa. Na verdade, eis o espírito puro da Sétima Arte segundo o mestre Georges Mélies. Por outro lado, a pulp fiction de Tarantino é pós-moderna. O universo de Tarantino é despedaçado. Ele tende a incorpora a sintaxe simbólica do capitalismo global e seu caos sistêmico. A narrativa de Pulp Fiction possui uma temporalidade fragmentária e descontínua. No filme, Tarantino altera a causalidade natural dos acontecimentos. De fato, ao alterar a seqüência temporal do filme, Tarantino “flexibiliza” a causalidade. Por outro lado, as contingências produzem inflexões significativas na trama filmica. Em Pulp Fiction os personagens são conduzidos pelo acaso e pelo desconhecido. Talvez a violência que permeia o filme seja expressão deste universo de casualidades quase-transcendentes. Em cada detalhe contingente, um gesto de violência concentrada. Como observa Julio Cabrera, “os filmes de Tarantino são uma curiosa e irritante filigrana de coincidências e pequenas fatalidades.” É o que ocorre quando se submerge na lógica terrível do capitalismo pós-moderno. Um detalhe: ao dançar twist com Mia Wallace, Vincent exala uma nostalgia kitsch dos anos dourados do capitalismo americano.(2005)

segunda-feira, 11 de maio de 2009

BRASIL: MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM-TERRA (MST)

Foi em 1984, durante o 1º Encontro dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, em Cascavel (PR), que o MST foi fundado oficialmente. No ano seguinte e já organizado nacionalmente, acontece o 1º Congresso Nacional dos Sem Terra.
Contando desta forma parece que foi tudo muito fácil. Mas o MST não surgiu do nada ou da cabeça de apenas uma pessoa. Esta história começou no final da década de 70, em plena ditadura militar. O país vivia o chamado “milagre brasileiro”, que para os pobres do campo e da cidade estava mais para “praga brasileira”: desemprego e migração dos camponeses para as cidades. A intensa mecanização da agricultura introduzida pelos governos militares expulsou assalariados, arrendatários e parceiros do campo.
Mas havia camponeses que acreditavam que podiam se organizar e resistir trabalhando na terra. Assim, em 7 de outubro de 1979, agricultores sem terra do Rio Grande do Sul ocupam a gleba Macali, em Ronda Alta.
Ao mesmo tempo, lutas semelhantes foram acontecendo nos demais estados do Sul, Mato Grosso e em São Paulo. Em cada Estado surgiam ocupações de trabalhadores rurais e a notícia se espalhou. A sociedade brasileira aderiu e as ocupações dos sem terra foi uma das manifestações pela volta da democracia em todo o país.
O MST, no entanto não é o primeiro movimento a lutar pela terra no Brasil e na América Latina. Muito antes, as famílias agricultoras já se organizavam em busca de terra e melhores condições de trabalho e vida. Podemos citar como exemplo, as Ligas Camponesas e o Master (Movimento dos Agricultores Sem terra) entre 1950 e 1964; Canudos e Contestado no final do século 19. A revolução mexicana, no início do século 20 e a cubana, em 1959, também foram sinônimo de “terra para quem nela trabalha”. Estas e outras lutas inspiraram o MST a seguir lutando por um Brasil sem Latifúndio.
Aos poucos o MST foi entendendo que conquistar a terra é importante, mas não basta. É preciso conquistar também crédito, moradia, assistência técnica, escolas, atendimento à saúde e outras necessidades da família sem terra que também precisam ser supridas. E mais: descobriu-se que a luta não é apenas contra o latifúndio; é contra o modelo econômico neoliberal.
Assim, foram organizados acampamentos, ocupações de fazendas, sedes de organismos públicos e de multinacionais, destruição de plantações transgênicas, marchas, greves de fome e outras ações políticas.
Hoje o MST atua em 23 estados, envolvendo mais de 1,5 milhão de pessoas, cerca de 350 mil famílias foram assentadas através desta luta e outras 80 mil vivem em acampamentos.
Em números, podemos confirmar que a Reforma Agrária dá certo. Existem hoje cerca de 400 associações de produção, comercialização e serviços; 49 Cooperativas de Produção Agropecuária (CPA), com 2299 famílias associadas; 32 Cooperativas de Prestação de Serviços com 11.174 sócios diretos; duas Cooperativas Regionais de Comercialização e três Cooperativas de Crédito com 6521 associados.
São 96 pequenas e médias agroindústrias que processam frutas, hortaliças, leite e derivados, grãos, café, carnes e doces. Tais empreendimentos econômicos do MST geram emprego, renda e impostos beneficiando indiretamente cerca de 700 pequenos municípios do interior do Brasil.
Aliada à produção está a educação: cerca de 160 mil crianças estudam da 1ª a 4ª série nas 1800 escolas públicas dos assentamentos. São cerca de 3900 educadoras/es pagos pelos municípios e desenvolvendo uma pedagogia específica para as escolas do campo. Em conjunto com a Unesco e mais de 50 Universidades, o MST desenvolve programa de alfabetização de aproximadamente 19 mil jovens e adultos nos assentamentos.
O MST, ousando desafiar a estrutura secular do latifúndio no país, mostra-nos que a população trabalhadora não é apenas capaz de organizar-se mas, especialmente, que é eficiente na luta para ocupar a terra e para fazê-la produzir.

OS MOVIMENTOS SOCIAIS

“Os movimentos sociais, na pratica, são a representação da sociedade como organização, que os utiliza como instrumentos de ação num contexto histórico especifico. O conflito de classe e os acordos políticos são, conseqüentemente, canais dos movimentos para atingir seus fins.”
“O movimento deixa de ser apenas a expressão de uma contradição socioeconômica, e acaba sendo responsável pela detonação e pelo desenvolvimento dos embates de grandes proporções.”
Teoricamente podemos classificar os movimentos sociais em três categorias:
1) movimentos reivindicatórios; são movimentos presos a reivindicações imediatas, esforçam-se em pressionar instituições para alterar dispositivos que teoricamente lhes favoreciam. Têm um horizonte sem dúvida limitado, considerando que seus fins são relativamente simples e não vão além de demandas pontuais especificas. Ex. “Estou no vermelho” movimento de greve dos professores da Uel por melhorias salariais.
2) Movimentos políticos; tenta influenciar nos meio utilizados para se atingir os caminhos condutores a participação política direta. Também se esforçam, no decorrer do processo para mudar a correlação de forças, influindo nos grandes debates travados com outros grupos adversários. Ex. Movimento das Diretas Já! 1984.
3) Movimentos de classe; seu intuito seria o de subverter a ordem social de um período determinado e, conseqüentemente, transformar as relações entre os diferentes atores do contexto nacional, assim como os meios de produção, fazendo avançar as exigências da classe em ascensão, em superação histórica e na sua pressão para se posicionar como elemento hegemônico no processo econômico e político do país. Ex. MST (movimento dos trabalhadores rurais sem-terra)

(Fonte: MAURO, Gilmar e PERICÁS, Luiz B. Capitalismo e Luta Política no Brasil na virada do milênio, ed. Xamã, SP:2001.)

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DOS MOVIMENTOS SOCIAIS

Para conhecermos como é um movimento social, vamos nos apoiar no livro de Ilse Scherer-Warren, Movimentos sociais, uma interpretação sociológica, destacando os elementos que compõem o campo de analise: o projeto, a ideologia e a organização.

O projeto
O projeto significa a proposta de um movimento, que pode ser, como vimos, de mudança ou de conservação das relações sociais, assim, todo movimento social contém um projeto, e quando nos perguntamos qual o projeto de um movimento, estamos pensando em seus objetivos, em suas metas, enfim, no que o movimento pretende.
Para um movimento social atingir os objetivos a que se propõe, é necessária uma certa estratégia, procedimentos adequados que possibilitem o sucesso da ação coletiva. Ao mesmo tempo em que o projeto revela o desejo, a intenção de um movimento, ele nos mostra como os seus participantes se vêem – o que demonstra a consciência de sua força, bem como a força de seu adversário, contra quem o movimento se dirige.
A complementação dessas idéias sobre o projeto, ou da apreensão de seu conteúdo, deve ser feita levando-se em consideração a analise dos outros elementos.

A ideologia
A ideologia corresponde às idéias que os homens fazem da sociedade em que vivem. Quando elas expressam “corretamente” as relações existentes, mostrando os interesses que animam as relações, podemos dizer que a ideologia se constitui num instrumento de luta dos grupos sociais. Se, ao contrario disso, as idéias não correspondem a realidade das relações de opressão existentes, poderemos dizer que se trata de um “falsa consciência”. Nesse sentido, a ideologia atuaria como uma forma de massacramento das reais condições de opressão, atendendo, por conseguinte, aos interesses dos grupos dominantes.
É a ideologia que fundamenta os projetos e as praticas dos movimentos e define o sentido de suas lutas. A própria forma de organização e direção de um movimento revela seu caráter ideológico.

A organização
Os movimentos sociais possuem uma organização hierárquica que pode ser descentralizada ou comum a estrutura definida com lideres e demais participantes do movimento.
A forma de organização de um movimento social tem conseqüências importantes com relação a sua dinâmica interna e externa. Internamente, observa-se que uma organização sem a devida hierarquia entre liderança e base pode favorecer um certo espontaneismo das ações, o que levaria a falta de controle do movimento, resultando em seu próprio prejuízo. Por outro lado, uma organização fundada num corpo de lideres afastados da base pode ser conduzida a praticas autoritárias e elitistas, com os demais participantes desempenhado o papel de “massa de manobra”.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

A INDÚSTRIA CULTURAL

A partir de quando poderíamos falar em indústria cultural ou cultura de massa? E mais, o que significam esses termos? Por que associar indústria a cultura? Que tipo de mercadoria essa indústria afinal de contas produz? Como nos capítulos anteriores, este também se inicia com perguntas, às quais tentaremos responder.
Talvez possamos falar em indústria cultural com segurança a partir do século XVIII. O fato marcante foi a multiplicação de jornais na Europa. Se até a idade média a leitura e a escrita eram privilégios do clero e de parte da nobreza, isso se modifica no capitalismo. As características básicas do novo modelo socioeconômico que se impunha eram a urbanização, a industrialização e, principalmente, a criação e ampliação do mercado consumidor. As cidades passam a ser pólos de importância social, econômica e cultural. A população vai abandonando o campo rumo à cidade e ao trabalho nas fábricas. A mecanização barateia os produtos e, conseqüentemente, aumenta o mercado consumidor. A burguesia comercial e industrial se estabelece como classe hegemônica, e crescem as classes médias. Esse novo público vai ser conquistado pelo mercado em geral e, também, pelo mercado de bens culturais.
É nesse sentido que os jornais assumem grande importância. Paralelamente ao barateamento do papel, há uma elevação do número de leitores, uma tendência que se impõe. Os jornais divulgam noticias, crônicas políticas e os chamados folhetins (precursores do romance e das novelas de tv atuais). A estória que os jornais publicavam nos rodapés de suas páginas vinha em capítulos, obrigando o leitor a comprar o próximo exemplar para saber a continuação da trama.
Stuart Hall, sociólogo norte-americano, afirma que não se pode pensar em cultura erudita ou em cultura popular sem antes considerar a existência da industria cultural. O jornal do século XVIII certamente já interferia na produção e divulgação das idéias, bem como o predomínio de umas, e não de outras.
Além disso, se lembrarmos o quanto a sociedade estava mudando nesse período, poderemos compreender a atitude dos primeiros folcloristas ou colecionadores, que queriam coletar e preservar as velhas canções populares, ao perceberem que a nova sociedade dava cada vez menos espaço para essas manifestações culturais. As populações camponesas chegavam às cidades e tinham que se adaptar ao seu ritmo alucinante. O lazer e a arte que elas praticavam no seu dia-dia, no campo, sem separá-los de sua rotina, passam a lhes ser oferecidos por profissionais que vivem exatamente da arte e do lazer: companhias de teatro, os circos, os balés, que a partir de agora ocupam um espaço na divisão social do trabalho.
Mas por que chamar isso tudo de cultura de massa ou de industria cultural? O primeiro termo faz com que vejamos a sociedade moderna como uma sociedade de massas, de multidões padronizadas e homogêneas, ou no máximo compartimentalizadas em setores com características semelhantes. O segundo termo remete às idéias de produção em série, de comercialização e de lucratividade, características do sistema capitalista. Podemos imaginar, então, o estabelecimento de uma industria produtora e distribuidora de jornais, livros, peças, filmes, em resumo de “mercadorias culturais”.

INDÚSTRIA CULTURAL OU CULTURA DE MASSA
O termo indústria cultural foi criado por Theodor Adorno (1903-1969) e Max Horkheimer (1895-1973), membros de um grupo de filósofos conhecidos como Escola de Frankfurt. Ao fazerem a análise da atuação dos meios de comunicação de massa (mdcm), esses autores concluíram que eles funcionavam como uma verdadeira indústria de produtos culturais, mas, mais do que isso, vende imagens do mundo e faz propaganda deste mundo tal qual ele é e para que ele assim permaneça.
Segundo os dois autores, a indústria cultural pretendia integrar os consumidores das mercadorias culturais, agindo como uma ponte nociva entre a cultura popular e a erudita. Nociva porque retiraria a autenticidade da primeira e a seriedade da segunda. Ambos autores, vêem a indústria cultural como qualquer indústria, organizada em função de um público-massa, abstrato e homogeneizado, e baseado nos princípios do lucro.
Poderíamos pensar, a partir do que os autores indicam, que a indústria cultural venderia mercadorias culturais como pasta de dentes ou automóveis, e o público receberia esses produtos sem saber diferenciá-los ou sem questionar seu conteúdo. Assim, após uma sinfonia de Beethoven, uma estação de rádio poderia veicular o anúncio de um restaurante e, depois dele, noticiar um golpe de Estado ou terremoto, sem nenhuma profundidade, e mais sem nenhuma discussão. Nesse sentido, é preciso observar como essa sucessão de música, propaganda e noticia ilustra o caráter fragmentário dos MDCM, principalmente o rádio e a televisão.
Os meios tecnológicos tornaram possível reproduzir obras de arte em escala industrial. Para os autores, essa produção em série (por exemplo, os discos de música clássica, as reproduções de pinturas, as músicas eruditas como pano de fundo de filmes de cinema) não democratizou a arte. Simplesmente, banalizou-a, descaracterizou-a, fazendo com que o público perdesse o senso crítico e se tornasse um consumidor passivo de todas as mercadorias anunciadas pelo MDCM. Nesse caso, o fato de um operário assobiar, durante o seu trabalho, o trecho da ópera que ouviu no rádio não significaria que ele estaria compreendendo a profundidade daquela obra de arte, mas que apenas ele a memorizou, como faria com qualquer canção sertaneja, romântica, ou mesmo um jingle que ouvisse no mesmo rádio.

Para adorno, a industria cultural tem como único objetivo a dependência e a alienação dos
homens. Ao maquiar o mundo nos anúncios que veicula, ela caba seduzindo as massas para o consumo das mercadorias culturais, a fim de que elas se esqueçam da exploração que sofrem nas relações de produção. A indústria cultural estimularia, portanto, o imobilismo.
Ao contrário de Adorno e Horkheimer, Marshall Mcluhan (1911-1980) via a atuação dos MDCM de maneira otimista. Estudando principalmente a televisão, o autor acreditava que ela poderia aproximar os homens, diminuindo as distâncias não apenas territoriais como sociais entre eles. O mundo iria transformar-se, então, numa espécie de “aldeia global”, expressão que acabou ficando clássica entre os teóricos da comunicação.
O crítico Umberto Eco, por sua vez, faz uma distinção polêmica entre os autores dedicados ao estudo da indústria cultural. Segundo ele, esses autores dividem-se entre “apocalípticos” (aqueles que criticam os meios de comunicação de massa) e “integrados” (aqueles que os elogiam).
Entre os motivos para criticar os MDCM, segundo os “apocalípticos”, estariam:
· A veiculação que eles realizam de uma cultura homogênea (que desconsidera diferenças culturais e padroniza o publico);
· O seu desestímulo à sensibilidade;
· A sua definição como simples lazer e entretenimento, desestimulando o público a pensar, tornando-o passivo e conformista;
Nesse sentido, os MDCM seriam usados para fins de controle e manutenção da sociedade capitalista.
Entre os motivos para elogiar os MDCM, apontados pelos “integrados”, estariam:
· Serem os MDCM a única fonte de informação possível a uma parcela que sempre esteve distante das informações;
· As informações veiculadas por eles poderem contribuir para a própria formação intelectual do público;
· A padronização de gosto gerada por eles funcionarem como um elemento unificador das sensibilidades dos diferentes grupos.
Nesse sentido os MDCM funcionariam como fundamentais para a manutenção e a expansão de todas as sociedades democráticas.
Eco irá criticar as duas concepções, os “apocalípticos” estariam equivocados por considerarem a cultura de massa ruim simplesmente por seu caráter industrial. Para Eco, não se pode ignorar que a sociedade atual é industrial e que as questões culturais têm que ser pensadas a partir dessa constatação. Os “integrados”, por sua vez, estariam errados por esquecerem que normalmente a cultura de massa é produzida por grupos de poder econômico com fins lucrativos, o que significa a tentativa de manutenção dos interesses desses grupos através dos próprios MDCM. Além disso, não é pelo fato de veicular produtos culturais que a cultura de massa deva ser considerada naturalmente boa, como querem os “integrados”.
Eco acredita que não se pode pensar a sociedade moderna sem os MDCM. Nesse sentido, sua preocupação é descobrir que tipo de ação cultural deve ser estimulado para que os MDCM realmente veiculem valores culturais, remetendo aos intelectuais, o papel de fiscalizar e exigir que isso aconteça.
Outro autor também ligado á Escola de Frankfurt, mas com uma concepção diferente do papel da indústria cultural, é Walter Benjamin (1886-1940). Para ele, a revolução tecnológica do final do século XIX e inicio do século XX não acabou com a cultura erudita, como pensavam Adorno e Horkheimer, mas alterou o papel da arte e da cultura. Os MDCM e suas novas formas de produção cultural propiciariam mudanças na percepção e na assimilação do público consumidor, podendo, inclusive, gerar novas formas de mobilização e contestação por parte desse público.
Para Benjamin, a possibilidade de reprodução técnica das obras de arte retirou delas seu caráter único e mágico (o que ele chama de sua “aura”). Em compensação, possibilitou que elas saíssem dos palácios e museus e fossem conhecidas por um número infinito de pessoas. Por exemplo, a reprodução fotográfica permitiu que qualquer pessoa pudesse ter em sua sala as clássicas Monalisa e Santa ceia, Leonardo da Vinci; a reprodução fonográfica fez com que muito mais pessoas pudessem escutar (e quantas vezes quisessem) uma sinfonia de Mozart.
O impacto que a indústria cultural moderna pode provocar no público não seria, portanto, necessariamente negativo, podendo, ao contrario, contribuir para a emancipação desse público e para a melhoria da sociedade, uma vez que ampliaria o seu horizonte de conhecimento.
Muitos críticos consideram a visão de Adorno e Horkheimer sobre a indústria cultural conservadora. Segundo eles, a posição desses autores, ao dizerem que a indústria cultural banalizaria a cultura erudita (que eles denominavam “alta cultura”) valorizavam a cultura burguesa. E não apenas isso, seria também uma depreciação da cultura popular, que, segundo eles, ficaria ainda mais simplificada no âmbito da indústria cultural, e a própria capacidade crítica do povo, considerado mero consumidor de mercadorias culturais, produzidas industrialmente.






sexta-feira, 3 de abril de 2009

conceitos para não ser um xenófobo.



O QUE É ETNOCENTRISMO?
(do Livro: "O que é Etnocentrismo", Everardo Rocha, Ed. Brasiliense, 1984, pág. 7-22)

Etnocentrismo é uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, etc.
Perguntar sobre o que é etnocentrismo é, pois, indagar sobre um fenômeno onde se misturam tanto elementos intelectuais e racionais quanto elementos emocionais e afetivos. No etnocentrismo, estes dois planos do espírito humano - sentimento e pensamento - vão juntos compondo um fenômeno não apenas fortemente arraigado na história das sociedades como também facilmente
Assim, a colocação central sobre o etnocentrismo pode ser expressa como a procura de sabermos os mecanismos, as formas, os caminhos e razões, enfim, pelos quais tantas e tão profundas distorções se perpetuam nas emoções, pensamentos, imagens e representações que fazemos da vida daqueles que são diferentes de nós. Este problema não é exclusivo de uma determinada época nem de uma única sociedade. Talvez o etnocentrismo seja, dentre os fatos humanos, um daqueles de mais unanimidade.
Como uma espécie de pano de fundo, acerca da questão etnocêntrica temos a experiência de um choque cultural. De um lado, conhecemos um grupo do eu", o "nosso" grupo, que come igual, veste igual, gosta de coisas parecidas, conhece problemas do mesmo tipo, acredita nos mesmos deuses, casa igual, mora no mesmo estilo, distribui o poder da mesma forma empresta à vida significados em comum e procede, por muitas maneiras, semelhantemente. Aí então de repente, nos deparamos com um "outro", o grupo do "diferente" que, às vezes, nem sequer faz coisas como as nossas ou quando as faz é de forma tal que não reconhecemos como possíveis. E, mais grave ainda, este outro" também sobrevive à sua maneira, gosta dela, também está no mundo e, ainda que diferente, também existe.
Este choque gerador do etnocentrismo nasce, talvez, na constatação das diferenças. Grosso modo, um mal-entendido sociológico. A diferença é ameaçadora porque fere nossa própria identidade cultural. O monólogo etnocêntrico pode, pois, seguir um caminho lógico mais ou menos assim: Como aquele mundo de doidos pode funcionar? Espanto! Como é que eles fazem? Curiosidade perplexa? Eles só podem estar errados ou tudo o que eu sei está errado! Dúvida ameaçadora?! Não, a vida deles não presta, é selvagem, bárbara, primitiva! Decisão hostil!
O grupo do "eu" faz, então, da sua visão a única possível ou, mais discretamente se for o caso, a melhor, a natural, a superior, a certa. O grupo do "outro" fica, nessa lógica, como sendo engraçado, absurdo, anormal ou ininteligível. Este processo resulta num considerável reforço da identidade do "nosso" grupo. No limite, algumas sociedades chamam-se por nomes que querem dizer "perfeitos", "excelentes" ou, muito simplesmente, "ser humano" e ao "outro", ao estrangeiro, chamam, por vezes, de "macacos da terra" ou "ovos de piolho". De qualquer forma, a sociedade do "eu" é a melhor, a superior. É representada como o espaço da cultura e da civilização por excelência. É onde existe o saber, o trabalho, o progresso. A sociedade do "outro" é atrasada. É o espaço da natureza. São os selvagens, os bárbaros. São qualquer coisa menos humanos, pois, estes somos nós. O barbarismo evoca a confusão, a desarticulação, a desordem. O Selvagem é o que vem da floresta, da selva que lembra, de alguma maneira, a vida animal. O outro" é o "aquém" ou o "além", nunca o "igual" ao "eu".
Etnocentrismo: "etno" pode significar "cultura" e centrismo vêm da palavra centro, desta forma o etnocêntrico acredita que sua cultura é a melhor, a mais desenvolvida, é o centro das atenções, e se existem culturas diferentes da dele é por que não conseguem ser como a sua, são subdesenvolvidas. Com estes argumentos os europeus empreenderam a destruição de um número incalculável de culturas, e hoje esta atitude não é monopólio da Europa, já que ainda há pessoas que não sabem (ou não querem) respeitar o direito de cada povo ser como lhe provém.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

A SOCIOLOGIA DE DURKHEIM.


Embora Comte seja considerado o pai da sociologia de tenha lhe dado esse nome, Durkheim é apontado como um de seus primeiros grandes teóricos. Ele e seus colaboradores se esforçaram para emancipar a sociologia das demais teorias sobre a sociedade e constituí-la como disciplina rigorosamente científica. Em livros e cursos, sua preocupação foi definir com precisão o objeto, o método e as aplicações dessa nova ciência.
Émile Durkheim, nasceu em Epinal, na Alsácia, descendente de uma família de rabinos. Iniciou seus estudos na Escola Normal Superior de Paris, indo depois para a Alemanha. Lecionou sociologia em Bordeaux, primeira cátedra dessa ciência criada na França. Transferiu-se em 1902 para Sorbonne, para onde levou inúmeros cientistas, entre eles seu sobrinho Marcelo Mauss, reunindo-os num grupo que ficou conhecido como escola sociológica francesa. Suas principais obras foram: Da divisão do trabalho social, O suicídio, Formas elementares da vida religiosa, Educação e sociologia. Desenvolveu sua obra num período de grande crise na França. A derrota na guerra franco-prussiana e o aniquilamento da Comuna de Paris haviam deixado marcas profundas na sociedade francesa, o que exigia uma reformulação de toda a sua estrutura. Assim a preocupação de Durkheim será com a ordem social. Afirma que todos os males de seu tempo se encontram numa fragilidade da moral contemporânea. Em busca de uma solução para isso, propunha a formulação de novas idéias morais capaz de guiar a conduta dos indivíduos, cujos caminhos poderiam ser encontrados com a ajuda da ciência, por meio de suas investigações, pois os valores morais constituíam um dos elementos mais eficazes para neutralizar as crises econômicas e políticas. A partir deles poderiam se criar relações estáveis entre os homens.
Em uma de suas obras fundamentais, As regras do método sociológico, publicada em 1895, Durkheim definiu com clareza o objeto da sociologia: os fatos sociais.

CARACTERÍSTICAS DO FATO SOCIAL

1) Coerção social: Força que os fatos exercem sobre os indivíduos, levando-os a conformar-se às regras da sociedade em que vivem, independentemente da sua vontade ou escolha. Essa força se manifesta quando o indivíduo adota um determinado idioma, quando se submete a um determinado tipo de formação familiar ou quando está submetido a determinado código de leis.
2) São exteriores ao indivíduo: As regras sociais, os costumes, as leis, já existem antes do nascimento das pessoas, são a elas impostos por mecanismos de coerção social, como educação.
3) Generalidade: É social todo fato que é geral, que se repete em todos os indivíduos ou, pelo menos, na maioria deles.
Tanto para Durkheim, como para os positivistas em geral, a explicação científica exige que os pesquisadores mantenham certa distância em relação aos fatos, resguardando a objetividade de sua análise. É preciso que o sociólogo deixe de lado suas pré-noções, isto é, seus valores e sentimentos pessoais em relação ao acontecimento a ser estudado, pois nada têm de científico e podem destorcer a realidade dos fatos. Durkheim aconselhava os sociólogos a encarar os fatos sociais como coisas, ou seja, objetos que lhe sendo exteriores, deveriam ser medidos, observados, e comparados independentemente do que os indivíduos envolvidos pensassem a seu respeito.

SOCIEDADE: UM ORGANISMO EM ADAPTAÇÃO

Para Durkheim, a sociologia tinha por finalidade não só explicar a sociedade como também encontrar soluções para a vida social. A sociedade como todo organismo, apresentaria estado normal e patológico, isto é, saudável e doentio.
Normal: é aquele fato que não extrapola limites dos acontecimentos mais gerais de uma determinada sociedade e que reflete os valores e as condutas aceitas pela maior parte da população.
Patológico: é aquele que se encontra fora dos limites permitidos pela ordem social e pela moral vigente. Os fatos patológicos, como as doenças, são considerados transitórios e excepcionais.

A CONSCIÊNCIA COLETIVA

A consciência coletiva não se baseia na consciência de indivíduos singulares ou de grupos específicos, mas esta espalhada por toda a sociedade, revelando o “tipo psíquico da sociedade”, que se imporia aos indivíduos e perduraria através das gerações.
A consciência coletiva é a forma moral vigente na sociedade. Ela aparece como conjunto de regras estabelecidas que atribuem valor e delimitam os atos individuais, define o que, numa sociedade, é considerado ‘imoral”, “reprovável” ou “criminoso”.

CONCEITO DE SOLIDARIEDADE MECÂNICA E SOLIDARIEDADE ORGÂNICA

Para Durkheim, o trabalho de classificação das sociedades deveria ser efetuado com base em apurada observação e experimentação. Guiado por esse procedimento, estabeleceu a passagem da solidariedade mecânica para a solidariedade orgânica como motor de transformação de toda e qualquer sociedade.
Solidariedade Mecânica: é aquela que predominava nas sociedades pré-capitalistas, onde os indivíduos se identificavam por meio da família, da religião, da tradição e dos costumes, permanecendo independentes e autônomos em relação à divisão social do trabalho.
Solidariedade Orgânica: típica das sociedades capitalistas, onde, pela acelerada divisão social do trabalho os indivíduos se tornam interdependentes. Essa interdependência garante a união social, em lugar dos costumes, das tradições ou das relações sociais estreitas. Nas sociedades capitalistas a consciência coletiva se afrouxa. Assim, ao mesmo tempo em que os indivíduos são mutuamente dependentes, cada qual se especializa numa atividade e tende a desenvolver maior autonomia pessoal.

KARL MARX E A HISTÓRIA DA EXPLORAÇÃO DO HOMEM.




“A burguesia rompeu os muitos laços feudais que atavam os homens aos seus “superiores naturais” e não deixou outro laço entre o homem e o homem se não o do interesse nu e cru, senão o do bruto pagamento em dinheiro. Afogou os êxtases celestiais do fanatismo devoto, do entusiasmo cavalheiresco e do sentimentalismo falisteu na água gelada do calculo egoísta. [...] A burguesia despiu o halo de todas as profissões até então honradas e encaradas com referente admiração.
[...] A burguesia arrancou da família seu véu sentimental e transformou a relação familiar numa relação puramente financeira. [...] No lugar da exploração velada por ilusões religiosas e políticas, ela pôs a exploração aberta, imprudente, direta e nua.”
MARX e ENGELS, Manifesto do Partido Comunista.

Karl Marx (1818-1883) nasceu na cidade de Treves, na Alemanha. Em 1836, matriculou-se na universidade de Berlim, doutorando-se em filosofia em lena. Mudou-se em 1842 para Paris, onde conheceu Friedrich Engels, seu companheiro de idéias e publicações por toda vida. Expulso da França em 1845, foi para Bruxelas onde participou da recém fundada Liga dos Comunistas. Em 1848 escreveu com Engels O manifesto do Parido Comunista, obra fundadora do marxismo. Suas principais obras foram: manuscritos econômico-filosóficos, O 18 brumário de Napoleão Bonaparte, O capital, A ideologia alemã, miséria da filosofia.
Com o objetivo de entender o capitalismo Marx produziu obras de filosofia, economia e sociologia. Sua intenção, porém, não era apenas contribuir para o desenvolvimento da ciência, mas propor uma ampla transformação política, econômica e social.
Se a preocupação básica do positivismo foi com a manutenção e a preservação da ordem capitalista, é o pensamento marxista que procurará realizar uma crítica radical a esse tipo histórico de sociedade, colocando em evidência os seus antagonismos e contradições. É a partir de sua perspectiva teórica que a sociedade capitalista passa a ser analisada como um acontecimento transitório. O aparecimento de uma classe revolucionária na sociedade - o proletariado - cria as condições para o surgimento de uma nova teoria crítica da sociedade, que assume como tarefa teórica a explicação crítica da sociedade e como objetivo final a sua superação.





Questões:
01- Pela visão marxista, uma sociedade deve ser analisada a partir de qual ponto de vista?
02- Diferencie infra-estrutura de Superestrutura.
03- Como Marx analisa o trabalho no Capitalismo?
04- Como se dá, para Marx as relações entre as classes sociais no capitalismo?
05- Para Marx como se resolveria as contradições entre proletários e burguesia?
06- Qual crítica Marx faz a sociedade burguesa?
07- Diferencie mais-valia absoluta de mais-valia relativa.
08- Como marx entendia classes sociais,você concorda com essa definição?Justifique sua resposta.
09- Qual a importância do conflito para a teoria marxista?

O POSITIVISMO DE AUGUSTE COMTE.


Auguste Comte (1798-1857), nasceu em Montpellier, França, de uma família católica e monarquista. Devotou seus estudos à filosofia positivista, considerada por ele uma religião, da qual era o pregador. Segundo sua filosofia política, existiam na história três estados: um teológico, outro metafísico e finalmente o positivo. Sobre a ciência distinguia as abstratas das complexas, sendo que a ciência mais complexa e profunda seria a Sociologia, ciência que batizou em sua obra Curso de filosofia positiva, publicou também, Discurso sobre o conjunto do positivismo, Sistema de política positiva, Catecismo positivista e Síntese subjetiva.
Comte é um pensador inteiramente conservador, um defensor da moderna sociedade capitalista. A sua obra se fundamentou também no estado de caos em que se encontrava a sociedade européia após a Revolução Industrial e a Revolução Francesa, propondo uma completa reforma da sociedade em que vivia, partindo da reforma intelectual plena do homem, modificando a forma de pensar dos homens através das ciências, haveria a reforma das instituições.
A sociologia em Comte, representava o coroamento do conhecimento científico, pois todas as ciências (Matemática, astronomia, física, química e biologia) já se encontravam formadas, faltando apenas a sociologia. A filosofia social positivista se inspirava no método de investigação das ciências da natureza, assim como procurava identificar na vida social as mesmas relações e princípios com os quais os cientistas explicavam a vida natural. A própria sociedade foi concebida como um organismo constituído de partes integradas e coesas que funcionavam harmoniosamente, segundo um modelo físico ou mecânico.
Um dos pontos altos do positivismo é a reconciliação entre “ordem” e o “progresso”, pregando a necessidade mútua destes elementos para a nova sociedade, ou seja, o progresso constituiria uma conseqüência suave e gradual da ordem.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

O surgimento da Sociologia.

No limiar do século XXI, estamos vivendo um momento da História que os especialistas estão denominando de globalização. Uma das características marcantes da globalização são os sistemas de comunicação que unem e aproximam os espaços. A televisão, por exemplo, coloca um fato de um país distante dentro de nossa casa no mesmo momento em que ele está acontecendo, e tudo parece estar ocorrendo ali “na esquina de nossa casa”.
A tecnologia da comunicação imprimiu maior velocidade ao mercado econômico, fazendo com que a mercadoria circulasse e fosse distribuída mais rapidamente. Utilizando a expressão de McLuhan, o mundo se transformou em uma aldeia global. Ianni (1922) e Souza Neto (1998) constatam que a globalização não é um fato acabado, mas um fenômeno em marcha, que destrói possibilidades e, ao mesmo tempo, cria outras. É um movimento que atinge todas as esferas da vida social, individual e coletiva.
Em cada lugar ou cidade, a globalização toma uma diferente fisionomia, ou seja, uma coisa é a interface da globalização com a cidade de São Paulo, outra coisa é a mesma interface em Salvador, na Bahia. Na expressão de Castells (1999), a sociedade hoje é a sociedade da informação, uma sociedade em rede, que conecta e desconecta em qualquer momento e lugar. Uma sociedade em rede ultrapassa as relações sociais e técnicas de produção, atinge a cultura e as relações de poder.
Rifkin (1995) caracteriza o movimento da globalização como uma era de mercados globais, de produção automatizada, o processo produtivo à vista quase sem a presença do trabalhador da forma pela qual estamos acostumados, as multinacionais buscando abrir as fronteiras e transformando a vida de bilhões de pessoas para conquistar os mercados globais. Ele constata que a dinâmica da globalização poderá conduzir a humanidade a um porto seguro ou a um terrível abismo. Se de um lado o fim do trabalho é a sentença de morte da civilização, poderá sinalizar também algumas mudanças que provocarão um ressurgimento do espírito humano. Enfim, “o futuro está em nossas mãos”.
Através dos tempos, o homem pensou sobre si mesmo e sobre o universo. Contudo, foi apenas no século XVIII que uma confluência de eventos na Europa levou à emergência da sociologia. Quando os antigos sistemas feudais começaram a abrir caminho ao trabalho autônomo que promovia a indústria nas áreas urbanas e quando novas formas de governo começaram a desafiar o poder das monarquias, as instituições da sociedade - emprego e receita, planos de benefícios, comunidade, família e religião - foram alteradas para sempre. Como era de se esperar, as pessoas ficaram inquietas com a nova ordem que surgia e começaram a pensar mais sistematicamente sobre o que as mudanças significavam para o futuro (Turner, Beeghley e Powers, 1989).
O movimento intelectual resultante é denominado de Iluminismo ou Século das Luzes, pois a influência da religião, da tradição e do dogma no pensamento intelectual foi finalmente rompida. A ciência agora poderia surgir plenamente como uma maneira de pensar o mundo; já a física e, mais tarde, a biologia foi capaz de superar a perseguição realizada pelas elites religiosas e estabeleceram-se como um caminho para o conhecimento. Junto com o crescimento da influência da ciência, veio uma avalanche de conceitos sobre o universo social. Muitos desses conceitos, de caráter especulativo, avaliavam a natureza dos homens e as primeiras sociedades infiltradas pela complexidade do mundo moderno. Parte desses conceitos era moralista, mas não no sentido religioso. Com eles, o tipo adequado de sociedade e de relações entre indivíduos (uns com os outros e na sociedade) foi reavaliado com base nas mudanças econômica e política ocorridas com o comércio e, em seguida, com a industrialização. Na Inglaterra, esse novo pensamento foi denominado de Era da Razão; e estudiosos, como Adam Smith (1776), que primeiramente articulou as leis da oferta e da procura na área de mercado, também avaliaram os efeitos, na sociedade, do rápido crescimento populacional, da especialização econômica em escala, da comunidade em declínio e dos sentimentos morais debilitados. Na França, um grupo de pensadores conhecido como filósofo das luzes também começou a expor uma visão do mundo social que defendia uma sociedade em que os indivíduos eram livres da autoridade política arbitrária e eram guiados por padrões morais combinados e pelo governo democrático.
Ainda outra influência por trás do surgimento da sociologia – a Revolução Francesa, de 1789 – acelerou o pensamento sistemático sobre o mundo social. A violência da revolução foi um choque para toda a Europa, pois, se tal violência e influência puderam derrubar o velho regime, o que houve para substituí-lo? Como a sociedade poderia ser reconstruída a fim de evitar tais eventos cataclísmicos? É nesse ponto, nas décadas finais do século XVIII e início do XIX, que a sociologia como uma disciplina autoconsciente foi planejada.


O que é Sociologia ?

Sociologia é o estudo do comportamento social das interações e organizações humanas. Todos nós somos sociólogos porque estamos sempre analisando nossos comportamentos e nossas experiências interpessoais em situações organizadas. O objetivo da sociologia é tornar essas compreensões cotidianas da sociedade mais sistemáticas e precisas, à medida que suas percepções vão além de nossas experiências pessoais. A sociologia estuda todos os símbolos culturais que os seres humanos criam e usam para interagir e organizar a sociedade; ela explora todas as estruturas sociais que ditam a vida social, examina todos os processos sociais, tais como desvio, crime, divergência, conflitos, migrações e movimentos sociais, que fluem através da ordem estabelecida socialmente; e busca entender as transformações que esses processos provocam na cultura e estrutura social. Em tempos de mudança, em que a cultura e a estrutura estão atravessando transformações dramáticas, as sociologias torna-se especialmente importante (Nisbet, 1969). Como a velha maneira de fazer as coisas se transforma, as vidas pessoais são interrompidas e, como conseqüência, as pessoas buscam respostas para o fato de as rotinas e fórmulas do passado não funcionarem mais. O mundo hoje está passando por uma transformação dramática: o aumento de conflitos étnicos, o desvio de empregos para países com mão-de-obra mais barata, as fortunas instáveis da atividade econômica e do comércio, a dificuldade de serviços de financiamento do governo, a mudança no mercado de trabalho, a propagação de uma doença mortal (AIDS), o aumento da fome nas superpopulações, a quebra do equilíbrio ecológico, a redefinição dos papéis sociais dos homens e das mulheres e muitas outras mudanças. Enquanto a vida social e as rotinas diárias se tornam mais ativas, a percepção sociológica não é completamente necessária. Mas, quando a estrutura básica da sociedade e da cultura muda, as pessoas buscam o conhecimento sociológico. Isso não é verdade apenas hoje – foi à razão principal de a sociologia surgir em primeiro plano como uma disciplina diferente nas primeiras décadas do século XIX.