Nas aulas de Sociologia analisaremos o filme recorrendo a alguns conceitos leccionados recentemente: cultura, diversidade cultural, etnocentrismo, subcultura, contracultura, socialização, identificação e agente de socialização.
O filme relaciona-se também com outros conceitos sociológicos que serão leccionados mais tarde: migrações, desigualdade, discriminação, reprodução social, controle social, família, etc.
O narrador do filme, Jack (interpretada por Edward Norton) é um executivo yuppie que trabalha como investigador de seguros de uma grande montadora de automóveis. Desiludido da vida, ele busca driblar suas crises de insônia e extravasar sua ansiedade em sessões de terapia grupal, ao lado de pessoas com câncer, tuberculose e outras doenças. É só no meio de moribundos que Jack se sente vivo e assim consegue dormir. Sua alegria só é interrompida pela chegada de Marla Singer (interpretada por Helena Bonham Carter), uma viciada em heroína com idéia fixa de suicídio. Repentinamente entra na sua vida o carismático Tyler Durden (Brad Pitt) que irá lhe apresentar um novo modo de vida, capaz de aliviar sua tensão existencial, o clube da luta, um clube de subcultura anárquica, onde homens põe à prova seu instinto animalesco em combates corporais. Fight Club expõe, com traços non-sense, a degradação existencial do homem na civilização burguesa. O agudo estranhamento em suas múltiplas dimensões se manifesta em sentimentos de necrofilia, de dessocialização, de desencantamento e de atitudes irracionalistas dos mais amplos espectros. A profunda frustração com a vida sem sentido é o terreno propicio para as manifestações de pura agressividade e de auto-destrutividade. O clube da luta sintetiza, em si, o espírito do mundo burguês degradado, em sua etapa neoliberal, imerso na lógica do mercado e da concorrência. Na verdade, a sociedade capitalista, em sua etapa de crise estrutural, de pleno irracionalismo, de vazio utópico e de agudo desencantamento com as possibilidades de transcendência da lógica da mercadoria, produz em si, elementos de colapso da vida pública e da sociabilidade. Ela contém os germes de destrutividade da própria civilização (o que os atentados terroristas de 2001 iriam demonstrar). Deste modo, Fight Club é um filme visionário das misérias do capital no vindouro século XXI. Produzido em 1999, Fight Club expõe, de forma quase fantástica, numa narrativa de estilo pós-moderna, ou seja, fragmentária e não-linear, os desvarios existenciais do capitalismo global, às vésperas do estouro da bolha especulativa em Wall Street.(2005)
Documentário político sobre como o Governo Bush se aproveitou dos atentados terroristas de 11/09 nos EUA para consolidar sua estratégia de negócio (a da familia Bush) e de poder imperialista (o dos EUA). Moore nos apresenta os vínculos de longa data dos Bush com a clã Bin Laden e a Arábia Saudita, que investiu, só nas últimas décadas, cerca de US$ 860 bilhões nos EUA; o Decreto Patriota, que atingiu as liberdades civis nos EUA a título de deter a ameaça terrorista; a cultura do medo, a invasão do Iraque, as oportunidades de negócios (com destaque para a empresa Halliburton), o recrutamento de jovens desempregados, a barbárie da guerra e a dor das perdas com soldados mortos. O documentário de Moore disseca, de forma quase didática, os vínculos entre poder político imperialista e interesses de negócios das corporações industrial-militar (mediado, é claro, pelos interesses da família Bush). Na verdade, torna-se claro neste documentário de Moore que a família Bush se apropriou do Estado para defender seus interesses particularistas. Os limites de Fahrenheit 9/11 é seu viés planfetário – panfleto do Partido Democrata. Sua crítica do sistema de poder imperialista nos EUA é bastante limitada, tendo em vista que não salienta que não são apenas os Republicanos que se apropriam do Estado político para a defesa de seus interesses familiares e de classe, mas inclusive os Democratas (que apoiaram, por exemplo, a invasão do Iraque). Enfim, talvez Bush seja apenas o lado mais décrepito de um sistema apodrecido do poder mundial do capital, que dilacera não apenas os EUA mas todo o mundo com sua sanha imperialista. Na foto acima, a perene expressão de G.W. Bush às 9: 05 A.M. do dia 11 de setembro de 2001, exato momento do ataque terrorista ao World Trade Center em Nova York. O que estaria passando por aquela cabeça?(2005)
Dois assassinos profissionais Vincent Veja (interpretado por John Travolta) e Jules Winnfiel (Samuel L. Jackson) - devem fazer cobrança para um gângster; Vincent é forçado a sair com a garota do chefe, Mia Wallace (Uma Thurman), temendo passar dos limites; enquanto isso, o boxeador Butch Coolidge (Bruce Willis) se mete em apuros por ganhar luta que deveria perder. Quentin Tarantino dirige esta homenagem à literatura pulp dos anos 40, contando uma história que envolve um gângster, um boxeador e dois assassinos profissionais. Nesse filme, Tarantino faz uma homenagem à literatura pulp. É importante observar que a pulp fiction surgiu em 1896 nos EUA como uma opção de leitura e diversão para uma grande massa de trabalhadores que emigrava do campo para a cidade, formando o que seria chamado de sociedade de massas (o salário médio de um operário era de 7 dólares semanais e o preço dos pulps não pesavam no bolso). A partir da década de 1920 os pulps entraram em decadência devido à concorrência do rádio e do cinema. A mitologia criada pelos pulps é tão forte que impregnou o cinema, os quadrinhos e a imaginação de milhões de pessoas no mundo todo. De Indiana Jones ao Super-homem, a cultura pop deste século deve muito aos pulp fictions. O cinema de Tarantino pode ser considerado um pulp cinema, onde diversão e literatura (ou roteiro de alta qualidade) buscam atrair o público de massa. Na verdade, eis o espírito puro da Sétima Arte segundo o mestre Georges Mélies. Por outro lado, a pulp fiction de Tarantino é pós-moderna. O universo de Tarantino é despedaçado. Ele tende a incorpora a sintaxe simbólica do capitalismo global e seu caos sistêmico. A narrativa de Pulp Fiction possui uma temporalidade fragmentária e descontínua. No filme, Tarantino altera a causalidade natural dos acontecimentos. De fato, ao alterar a seqüência temporal do filme, Tarantino “flexibiliza” a causalidade. Por outro lado, as contingências produzem inflexões significativas na trama filmica. Em Pulp Fiction os personagens são conduzidos pelo acaso e pelo desconhecido. Talvez a violência que permeia o filme seja expressão deste universo de casualidades quase-transcendentes. Em cada detalhe contingente, um gesto de violência concentrada. Como observa Julio Cabrera, “os filmes de Tarantino são uma curiosa e irritante filigrana de coincidências e pequenas fatalidades.” É o que ocorre quando se submerge na lógica terrível do capitalismo pós-moderno. Um detalhe: ao dançar twist com Mia Wallace, Vincent exala uma nostalgia kitsch dos anos dourados do capitalismo americano.(2005)